Com 35 mil habitantes e fundada há mais de 100 anos, Afuá, cidade paraense na Ilha do Marajó, só recebeu sinal de celular e provedor de internet há cerca de dois anos. A população, no entanto, já se adaptou às novas tecnologias e não consegue mais viver desconectada.
Na série lig@dos, o G1 vai mostrar como pessoas de diferentes locais se relacionam com a tecnologia. Na primeira etapa, mostraremos três cidades em diferentes estados da região Norte do país. Mande suas perguntas na área de comentários ao final da reportagem.
Próxima de Macapá (AP), Afuá recebeu o apelido de “Veneza Marajoara” graças às palafitas instaladas na cidade desde a sua criação. Segundo a secretaria de Turismo, enchentes invadem as ruas do município a cada quatro anos. Devido a sua constituição exótica, o único meio de transporte disponível aos cidadãos são as bicicletas. Os barcos vêm em segundo lugar. Carros e motos não são permitidos em Afuá.
“Eu trouxe, pela primeira vez, a internet para a população. Antes, apenas a prefeitura tinha acesso e algumas pessoas que arriscavam usar a web discada”, afirma Leonardo Bararuá, que fundou a primeira lan house na cidade em 2005. Hoje, o estabelecimento tem dois concorrentes. Na época, Leonardo usava internet via satélite que tinha um custo bastante elevado. Leonardo é responsável pela inclusão digital de muitos moradores de Afuá. “Algumas pessoas nunca tinham visto internet na vida”, conta. Além da lan house, Leonardo tem a única loja de eletrônicos da cidade. “Não é todo morador que compra aqui. Alguns trazem os aparelhos de Macapá ou Belém. As tecnologias custam a chegar em Afuá. Mas quando chegam, todo mundo sai correndo para comprar”, diz Leonardo.
A telefonia móvel chegou ao município no primeiro semestre de 2008 e, hoje, a cidade conta com um provedor de internet via rádio. Além de três lan houses, uma loja autorizada da operadora de telefonia móvel foi aberta em Afuá. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), havia apenas um provedor do chamado Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) na cidade no primeiro trimestre de 2007. Hoje, existem cinco.
“O primeiro celular que comprei era bem simples porque eu queria ter um aparelho logo”, conta Rúbia Garcia, de 29 anos, que já trocou de aparelho duas vezes. “Também já tive três computadores, mas ainda não tenho internet em casa”.
“No meu celular, estou sempre acessando o Twitter. É viciante”, diz Adriano Alves Baliero, de 27 anos, que vende caricaturas e desenhos pelo Orkut e assinou uma promoção de internet móvel gratuita. Baliero conta que vivia muito bem antes do celular e da internet. “Eu gostava de jogar bola e não tinha noção de como era ter um celular”. Baliero tem um computador em casa e usa o celular como modem, que não apresenta boa velocidade de conexão à web.
“Usei um computador pela primeira vez na lan house do Leo”, conta Ezequiel Dias, de 26 anos. No início, quando ainda não sabia mexer no PC, Dias escrevia em um papel uma mensagem e pedia para um amigo digitar e enviar por e-mail. “Um dia, ele me disse: ‘vamos fazer uma e-mail para você’”. Segundo Dias, o acesso à internet em Afuá era muito restrito antes da lan house do Leonardo, apenas a prefeitura estava conectada.
Já Fabrício Gonçalves Pinheiro, de 25 anos, teve o celular furtado duas vezes e chegou a ficar dois meses sem aparelho. “Não me faz falta. Como a cidade é pequena, prefiro ficar na rua conversando com os amigos do que trancado em casa na web”, explicou.
Com notebook há um ano, Adriano Pimentel, de 28 anos, só foi se interessar em colocar internet em casa agora. “Quero puxar o Wi-Fi da lan house porque a minha mulher está fazendo um curso on-line e precisa da web”, explica. Pimentel decidiu comprar o notebook para fazer o trabalho de conclusão da faculdade. “Como eu trabalhava no interior, nas zonas rurais, a internet não pegava lá. Por isso, eu não tinha interesse em ter”.
Lúcio Coimbra foi o primeiro morador de Afuá a entrar na internet. “Quando eu contei que tinha me conectado na rede, ninguém na prefeitura acreditou”, conta. Em 1998, Coimbra se conectou pela primeira vez na internet discada. Ele colocou rede em casa em 2006 para montar a sua lan house, que fechou em 2009. Na época, ele conta que gastou cerca de R$ 10 mil para montar a internet sem fio via satélite. “Hoje, os notebooks mudaram o mercado. Mas muita gente ainda não tem internet porque é caro para a velocidade que é oferecida”.
Em Chaves, cidade mais próxima de Afuá, a tecnologia é ainda mais recente. O telefone celular chegou há menos de um ano e a cidade conta apenas com uma lan house, conectada na rede via satélite. “Hoje, já que a cidade não tem provedor, todo mundo acessa a web pelo celular por causa de uma promoção da única operadora daqui”, conta Diackson da Silva Maciel, de 23 anos. A lan house é o único lugar onde são vendidos celulares. “Chegamos a vender cerca de 30 celulares por semana. Todo mundo quer ter um”, explica.
Educação
Nenhuma escola em Afuá tem laboratório de informática. O primeiro está sendo montado pela única instituição de Ensino Médio de Afuá. No entanto, há 3 anos, a prefeitura criou dois telecentros que contam com computadores conectados à rede e aulas de informática. A cidade também tem PCs com internet na biblioteca pública e no Centro Paroquial, que também oferece cursos.
Além de ter apenas uma escola de Ensino Médio, Afuá não conta com universidades. “Temos cursos de graduação para formar professores em parceria com a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e a Universidade da Amazônia (UNAMA). Nesses cursos, as aulas acontecem apenas no período das férias (janeiro e julho) em período integral”, explica a secretaria de Educação de Afuá.
Na série lig@dos, o G1 vai mostrar como pessoas de diferentes locais se relacionam com a tecnologia. Na primeira etapa, mostraremos três cidades em diferentes estados da região Norte do país. Mande suas perguntas na área de comentários ao final da reportagem.
Próxima de Macapá (AP), Afuá recebeu o apelido de “Veneza Marajoara” graças às palafitas instaladas na cidade desde a sua criação. Segundo a secretaria de Turismo, enchentes invadem as ruas do município a cada quatro anos. Devido a sua constituição exótica, o único meio de transporte disponível aos cidadãos são as bicicletas. Os barcos vêm em segundo lugar. Carros e motos não são permitidos em Afuá.
“Eu trouxe, pela primeira vez, a internet para a população. Antes, apenas a prefeitura tinha acesso e algumas pessoas que arriscavam usar a web discada”, afirma Leonardo Bararuá, que fundou a primeira lan house na cidade em 2005. Hoje, o estabelecimento tem dois concorrentes. Na época, Leonardo usava internet via satélite que tinha um custo bastante elevado. Leonardo é responsável pela inclusão digital de muitos moradores de Afuá. “Algumas pessoas nunca tinham visto internet na vida”, conta. Além da lan house, Leonardo tem a única loja de eletrônicos da cidade. “Não é todo morador que compra aqui. Alguns trazem os aparelhos de Macapá ou Belém. As tecnologias custam a chegar em Afuá. Mas quando chegam, todo mundo sai correndo para comprar”, diz Leonardo.
A telefonia móvel chegou ao município no primeiro semestre de 2008 e, hoje, a cidade conta com um provedor de internet via rádio. Além de três lan houses, uma loja autorizada da operadora de telefonia móvel foi aberta em Afuá. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), havia apenas um provedor do chamado Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) na cidade no primeiro trimestre de 2007. Hoje, existem cinco.
“O primeiro celular que comprei era bem simples porque eu queria ter um aparelho logo”, conta Rúbia Garcia, de 29 anos, que já trocou de aparelho duas vezes. “Também já tive três computadores, mas ainda não tenho internet em casa”.
“No meu celular, estou sempre acessando o Twitter. É viciante”, diz Adriano Alves Baliero, de 27 anos, que vende caricaturas e desenhos pelo Orkut e assinou uma promoção de internet móvel gratuita. Baliero conta que vivia muito bem antes do celular e da internet. “Eu gostava de jogar bola e não tinha noção de como era ter um celular”. Baliero tem um computador em casa e usa o celular como modem, que não apresenta boa velocidade de conexão à web.
“Usei um computador pela primeira vez na lan house do Leo”, conta Ezequiel Dias, de 26 anos. No início, quando ainda não sabia mexer no PC, Dias escrevia em um papel uma mensagem e pedia para um amigo digitar e enviar por e-mail. “Um dia, ele me disse: ‘vamos fazer uma e-mail para você’”. Segundo Dias, o acesso à internet em Afuá era muito restrito antes da lan house do Leonardo, apenas a prefeitura estava conectada.
Já Fabrício Gonçalves Pinheiro, de 25 anos, teve o celular furtado duas vezes e chegou a ficar dois meses sem aparelho. “Não me faz falta. Como a cidade é pequena, prefiro ficar na rua conversando com os amigos do que trancado em casa na web”, explicou.
Com notebook há um ano, Adriano Pimentel, de 28 anos, só foi se interessar em colocar internet em casa agora. “Quero puxar o Wi-Fi da lan house porque a minha mulher está fazendo um curso on-line e precisa da web”, explica. Pimentel decidiu comprar o notebook para fazer o trabalho de conclusão da faculdade. “Como eu trabalhava no interior, nas zonas rurais, a internet não pegava lá. Por isso, eu não tinha interesse em ter”.
Lúcio Coimbra foi o primeiro morador de Afuá a entrar na internet. “Quando eu contei que tinha me conectado na rede, ninguém na prefeitura acreditou”, conta. Em 1998, Coimbra se conectou pela primeira vez na internet discada. Ele colocou rede em casa em 2006 para montar a sua lan house, que fechou em 2009. Na época, ele conta que gastou cerca de R$ 10 mil para montar a internet sem fio via satélite. “Hoje, os notebooks mudaram o mercado. Mas muita gente ainda não tem internet porque é caro para a velocidade que é oferecida”.
Em Chaves, cidade mais próxima de Afuá, a tecnologia é ainda mais recente. O telefone celular chegou há menos de um ano e a cidade conta apenas com uma lan house, conectada na rede via satélite. “Hoje, já que a cidade não tem provedor, todo mundo acessa a web pelo celular por causa de uma promoção da única operadora daqui”, conta Diackson da Silva Maciel, de 23 anos. A lan house é o único lugar onde são vendidos celulares. “Chegamos a vender cerca de 30 celulares por semana. Todo mundo quer ter um”, explica.
Educação
Nenhuma escola em Afuá tem laboratório de informática. O primeiro está sendo montado pela única instituição de Ensino Médio de Afuá. No entanto, há 3 anos, a prefeitura criou dois telecentros que contam com computadores conectados à rede e aulas de informática. A cidade também tem PCs com internet na biblioteca pública e no Centro Paroquial, que também oferece cursos.
Além de ter apenas uma escola de Ensino Médio, Afuá não conta com universidades. “Temos cursos de graduação para formar professores em parceria com a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e a Universidade da Amazônia (UNAMA). Nesses cursos, as aulas acontecem apenas no período das férias (janeiro e julho) em período integral”, explica a secretaria de Educação de Afuá.
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