quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Falso dentista com HIV atendia pacientes no Pará, diz polícia (Postado por Lucas Pinheiro)

Policiais da Divisão de Investigações de Operações Especiais de Belém prenderam nesta terça-feira (29) dois homens por exercício ilegal da odontologia.

Segundo a Polícia Civil, um dos falsos dentistas tem 61 anos e usava uma casa para realizar consultas no bairro Tenoné, distrito de Icoaraci. O outro tem 27 anos e atuava no bairro de Terra Firme, em Belém. A polícia chegou aos locais após denúncias feitas ao Conselho Regional de Odontologia.

Segundo o conselho, pacientes dos consultórios improvisados denunciaram a falta de higiene, afirmaram que os falsos dentistas não usavam luvas ou máscara, estavam com jaleco sujo, as paredes dos locais tinham infiltração e estavam mofadas e os instrumentos estavam enferrujados.

O homem de 61 anos confessou o exercício ilegal da profissão e disse ainda possuir o vírus da Aids, HIV. O outro afirmou que apenas confeccionava próteses dentárias e negou agir ilegalmente. Nenhum deles é formado ou tem licença para exercer a profissão. Os dois foram presos em flagrante.

“Ele tem o vírus e trabalha sem nenhum cuidado. Vamos imaginar que tem um ferimento e no atendimento, faz um procedimento mais invasivo, uma extração, uma limpeza, que sangra”, afirma Roberto Pires, presidente do conselho. “Nós temos muitas denúncias, que encaminhamos às autoridades competentes. Precisamos conscientizar o paciente de que ele deve procurar o conselho sempre para verificar se o dentista está habilitado”, complementa.


sábado, 19 de novembro de 2011


Dia da Bandeira - 19 de novembro


A Bandeira do Brasil é um emblema que simboliza a nossa pátria.



Todos os anos, no dia 19 de novembro acontecem celebrações em todo o Brasil homenageando a Bandeira, sempre acompanhada do Hino da Bandeira. Nesta data também são queimadas as bandeiras velhas.

Nos dias de festas ou luto em órgãos públicos, ou em situações em que o Brasil está sendo representado a bandeira deve ser erguida. Mas durante a noite, ela não pode ficar erguida, somente se estiver iluminada.

As 27 estrelas presentes na bandeira representam os 26 Estados do Brasil e o Distrito Federal.


Fonte: http://www.colegioweb.com.br/datas/dia-da-bandeira19-de-novembro.html




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História do Dia da Bandeira

O Dia da Bandeira foi criado no ano de 1889, através do decreto lei número 4, em homenagem a este símbolo máximo da pátria. Como nossa bandeira foi instituíta quatro dias após a Proclamação da República, comemoramos em 19 de novembro o Dia da Bandeira.

Nesta data ocorrem, no Brasil, diversos eventos e comemorações cívicas nas escolas, órgãos governamentais, clubes e outros locais públicos. É o momento de lembrarmos e homenagearmos o símbolo que representa nossa pátria. Estas comemorações ocorrem, geralmente, acompanhadas do Hino à Bandeira. Este lindo hino ressalta a beleza e explica o significado da bandeira nacional.

Curiosidades sobre a bandeira brasileira:

- Quando várias bandeiras são hasteadas em nosso país, a brasileira deve ser a primeira a chegar no topo do mastro e a última a descer.

- Quando uma bandeira brasileira fica velha, suja ou rasgada, deve ser imediatamente substituída por uma nova.

A bandeira velha deve ser recolhida a uma unidade militar, que providenciará a queima da mesma no dia 19 de novembro.

- Caso a bandeira fique hasteada no período noturno, ela deve ser iluminada.


Fonte:  http://www.suapesquisa.com/datascomemorativas/dia_da_bandeira.htm

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

'Aqui, vida não vale nada', diz pai de morto na cidade mais violenta do país (Postado por Erick Oliveira)

“Nesta cidade, mata-se por brincadeira. Não gosta da cara do outro, sai tiro. A violência é demais e estamos com medo. Após 25 anos morando aqui, decidimos ir embora. A vida não vale nada em Itupiranga”. A frase é do pescador Francisco Gomes da Silva, de 66 anos, que teve o filho João Cipriano Gomes, de 34 anos, assassinado na última semana de outubro na cidade considerada pelo Ministério da Justiça como a mais violenta do país.
Localizada a 55 km de Marabá (PA) e com população de cerca de 51 mil habitantes, Itupiranga apareceu no ranking do Mapa da Violência 2011 do governo federal com taxa de 160,6 homicídios por 100 mil habitantes, conforme dados de 2008. Tanto Itupiranga como Marabá encabeçam a lista das cidades mais inseguras no Brasil com mais de 10 mil habitantes. Isso contribui para o que o novo estado de Carajás, que pode ser criado caso a população decida separar o Pará no plebiscito de 11 de dezembro, já nasça com a preocupação de combate contra a criminalidade.
As mortes normalmente são motivadas por rixas, vinganças ou desentendimentos fúteis. Para as polícias Civil e Militar, o grande número de vilarejos distantes, com população variando entre mil e 7 mil habitantes, além do reduzido efetivo, dificultam o combate aos assassinatos, provocados na maioria por facas, espingardas ou armas caseiras. A PM tem apenas 33 homens em toda a cidade, sendo que dois grupos de 4 ficam lotados especificamente em duas comunidades. Já na delegacia, é só um delegado, dois investigadores e um escrivão que se revezam no atendimento.
“Temos povoados, como Cruzeiro do Sul, que ficam a 200 quilômetros da área. Na época da chuva, leva-se quase um dia para chegar lá de carro”, diz o capitão Kojak Antônio da Silva Santos, que assumiu o policiamento da cidade em julho, após a divulgação do Mapa da Violência e reforçou o policiamento ostensivo, aumentando o número de armas e drogas apreendidas e suspeitos detidos.

Nos últimos 4 meses, houve 6 mortes na cidade. O filho de Francisco foi o último  caso registrado. Ele foi assassinado a tiros após uma festa na Estrada do Tauri no último dia 30 de outubro. O suspeito ainda não foi preso, mas a polícia apura o crime.

Vivendo com medo

“Dias depois de meu filho morrer mataram outro homem, de família rica, e acham que temos ligação com isso. O medo para nós é tanto que nem fui atrás ver quem tinha matado meu filho. A gente não deve, mas eu estou com medo, decidi pegar meus filhos e ir embora. Violência gera violência e quem quer viver, tem que procurar tranquilidade”, diz o pescador, que fez um empréstimo no banco para deixar a cidade.“Não conseguimos mais dormir, ficamos doentes. Isso não é vida. A qualquer hora pode chegar alguém aqui, em uma moto, dar um tiro e depois some. São sempre assim os casos”, afirma Francisca.

"Aqui neste lugar, falta tudo. Além da violência, não tem emprego, não tem saúde. Se a pessoa não tem o que fazer, vai para a criminalidade. A gente vai votar no 'sim' à separação. Acha que, se criar o Carajás, as coisas vão melhorar. O dinheiro vai ficar aqui nas nossas terras", diz o pescador José Francisco da Silva, de 41 anos.

Segundo o delegado Vinicius Cardoso das Neves, que responde pela cidade, a maioria dos assassinatos não está mais ligada a brigas latifundiárias, como nas décadas de 80 e 90. Hoje, o tráfico de drogas é o fator que gera preocupação e assassinatos na cidade, principalmente no bairro Caveirinha, próximo ao cemitério local. Outra motivação são dívidas ou motivos fúteis, como traição.“Prendemos recentemente um homem que matou uma mulher a facadas após ter relações com ela, e também um adolescente de 17 anos que matou a tijoladas outro colega por causa de drogas”, afirma.

Carceragem lotada
Na sede da Polícia Civil, apenas dois investigadores trabalham, em um regime de 24 horas. Eles "moram" na delegacia por 7 dias ininterruptos. Em seguida, tiram 7 dias de folga e podem voltar para casa e outros dois agentes assumem o posto.

A população aparece a todo instante no distrito para fazer denúncias de traição, ladrões, venda de drogas e pedir conselhos sobre ameaças procedentes de dívidas ou outros motivos. A carceragem, um quartinho de cerca de 2 metros de largura por 2 de comprimento, abriga 8 presos. Alguns já encarcerados no cubículo há quase cinco meses. Dentre os que aguardam transferência, estão presos por estupro, tentativa de homicídio, tráfico e roubo. À reportagem do G1, todos alegaram inocência.Um dos detidos é suspeito de tentar  estuprar a enteada de 12 anos em Cruzeiro do Sul e foi denunciado pela própria mulher, segundo o delegado. “Muitas pessoas migram para cá para buscar emprego, dinheiro, e não têm vínculo com a terra. Quando se envolvem em algo, eles somem. O povo os conhece apenas por apelidos, é o Zé Branco, o João do Pulo. Fica difícil a identificação e, quando o juiz expede o mandado de prisão, não conseguimos localizar. Já foram embora”, afirma o delegado.

Segundo Neves, o Instituto Médico Legal (IML) de Marabá possui um convênio com funerárias por toda a região devido à dificuldade de poucos carros de cadáver conseguirem remover os corpos em áreas distantes. “A própria funerária já pega o corpo e leva para o IML”, diz o delegado.Povo liga direto para o ‘xerife’
Quando se fala em segurança, o primeiro nome que se ouve nas ruas é “Pinheiro”. É o cabo da PM Josafá Pinheiro, espécie de “xerife” de Itupiranga, devido à fama de repressão contra a criminalidade nas áreas periféricas da cidade. Dizem que ele já matou traficantes e fez prisões importantes de criminosos que incomodavam a população. O PM afirma que há muita lenda sobre seu nome, mas confirma a fama de durão.

“Tem muita lenda sobre meu nome porque eu pego pesado com a bandidagem, prendo ladrões e traficantes. Estou em Itupiranga há quatro anos e as coisas melhoraram desde então, por isso a população gosta de mim. Tivemos alguns confrontos em que criminosos foram mortos, mas tudo foi investigado e esclarecido. Onde eu trabalho não vai ter roubo nem de bomba de água”, afirma ele, referindo-se a um dos crimes mais frequentes nas cidades pequenas da periferia do Pará, onde jovens furtam bombas de poço de água para trocar por crack. MarabáEm um possível cenário de divisão do Pará, caso a população aprove a criação de dois novos estados no plebiscito que será realizado em 11 de dezembro, o futuro estado de Carajás será composto por 39 municípios, sendo Marabá a capital. Marabá é a segunda cidade com mais de 100 mil habitantes onde mais se mata no país. São cerca de 125 homicídios para cada 100 mil habitantes, segundo o Mapa da Violência do Ministério da Justiça deste ano.
Segundo o superintendente regional da Polícia Civil para o sudeste do Pará, delegado Alberto Henrique Teixeira de Barros, “é lenda” que as mortes na região envolvem conflitos agrários: “de 90% a 95% dos assassinatos são pelo tráfico”, afirma. “Neste ano, só tivemos a morte do casal de extrativistas de Nova Ipixuna e mais uns três casos isolados que podem ser relacionados a questões fundiárias e agrárias. As mortes agora são provocadas pelas brigas entre traficantes, que invadiram a cidade”, diz o delegado.
Outro problema de Marabá e da região de Carajás é que não se vê policiamento nas ruas. O tenente-coronel José Sebastião Valente Monteiro Junior, que comanda o batalhão responsável por nove cidades da área, diz que o efetivo é reduzido. Segundo ele, há 586 PMs à disposição, mas sua unidade deveria ter 1.022. Pelos cálculos do oficial, há em média um policial para cada 1.500 habitantes na cidade. Em alguns bairros, como o Cidade Nova, o número chega a um PM por 1.875 moradores, afirmou. O recomendado pela ONU é de cerca de um policial para 250 habitantes.

sábado, 12 de novembro de 2011

Em Belém, saúde e saneamento preocupam eleitores no plebiscito (Postado por Lucas Pinheiro)

No mercado público Ver-o-Peso e na estação das Docas, tradicionais cartões postais de Belém, amigos se reúnem para discutir o futuro do Pará caso o “sim” ao desmembramento do estado ganhe no plebiscito marcado para 11 de dezembro.

Se Tapajós e Carajás forem criados, Belém continuará a ser a capital, mas agora do novo Pará, estado que nasce com uma área de apenas de 17% do total no Pará atual.

O G1 percorreu o Pará por dez dias para ouvir o que o povo pensa sobre a separação. A maioria das pessoas com quem a reportagem do G1 conversou na capital paraense é contra a separação. Adesivos alusivos à campanha do “não” ganham as ruas e o temor de muitos é que o estado, que já é pobre (a renda média do trabalhador é de R$ 1.369, segundo o Idesp - Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará), perca com a divisão.

“Eu acho que a separação só vai prejudicar o Pará todo. Já temos tudo precário, se dividir as riquezas, todos vão ficar mais pobres”, diz o guarda municipal Marcos Couto. Já a dona de casa Maria Teodora se queixa que o estado perderá seus recursos. “Ao invés de dividir, a única coisa que nos resta é nos unirmos. Acho que tem muita gente no interior do Pará que veio de outro estado e nem vota aqui. Eu sou contra separar”, diz ela.

Já no mercado público Ver-o-Peso, o tema é frequente em rodas de vendedores de hortaliças e frutas. "Eu acho que não tem que separar, não. O povo aqui de Belém vai perder toda a riqueza daquele lado, do sudeste do estado, que é cheio de minérios", afirma Roberto Gomes Menezes. O vendedor Sebastião Alves Filho concorda. "Eu vou votar no 'não' e toda a minha família, também. Se rachar o Pará no meio, não vai dar certo. Vamos ficar mais pobres ainda", diz.

Quando a pergunta é sobre os principais problemas de Belém, a resposta frequente é: a falta de saneamento. Dados do Censo 2010 apontam que apenas 37% dos domicílios da cidade possuem rede de esgoto. No Brasil, a média é de 55%.

Já a ONG Trata Brasil analisou os serviços de saneamento prestados em 81 cidades brasileiras, com mais de 300 mil habitantes, constando que Belém e Ananindeua, na região metropolitana, estão entre as 10 piores do país.

“Este esgoto aqui não tem solução. A gente mora aqui faz 20 anos, mas, apesar do que se vê, a situação melhorou. Antes não tinha água boa nem para beber”, diz a vendedora Joana Aparecida de Oliveira, que vive em área ocupada na Vila da Barca, próximo ao Rio Guamá. “Sobre a divisão do Pará, eu ouvi falar, mas não sei se vou votar. Ainda tenho que me informar sobre isso”, afirma.

Próximo às regiões de Guamá e Terra Firme, de alto índice de violência em Belém, a dona de casa Elizabete de Souza, que vive em uma área invadida, desabafa: “Aqui falta tudo. Tem esgoto correndo no rio. Também tem problema na saúde. Atendimento aqui em Belém não existe. Tenho um filho deficiente e fico horas em postos de saúde e hospitais em busca de uma consulta”.

Sobre as reclamações em relação ao saneamento de Belém, a prefeitura informou que obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevêem investimentos de R$ 935 milhões na área e também em habitação. Em relação ao Conjunto Habitacional Vila da Barca, foram iniciados em 2005 com a construção de 136 apartamentos e que os moradores das palafitas estão sendo indenizados de acordo com as características dos imóveis e remanejados para locais adequados.

Outro grande foco de reclamações da população de Belém é com a situação da saúde. Recentes casos revelaram a precariedade do sistema hospitalar. Em outubro, uma gestante morreu após perder o bebê no Hospital do Guamá. Também na capital, em agosto, uma mulher perdeu os filhos gêmeos após outro caso de falta de atendimento na Santa Casa.

Dados do Sistema Único de Saúde computados pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp) apontam um déficit de mais de 11,5 mil leitos no estado, sendo cerca de 7 mil na área que corresponderá ao novo Pará, caso a separação seja aprovada pelo povo.

A reportagem do G1 entrou nos Hospitais Municipais do Guamá no dia 31 de outubro e no Mário Pinotti, em 30 de outubro, e viu nos corredores pacientes recebendo atendimento em macas improvisadas e cadeiras.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o hospital de Guamá atendeu 9.592 pessoas somente no mês de outubro, sendo 721 de outros municípios do estado. A pasta diz que regula a transferência dos pacientes que aguardam um leito, não tendo autonomia para administrar os leitos dos hospitais de referência, que são administrados pelo governo do estado, e os conveniados ao SUS, o que pode provocar a lotação. Sobre o Mário Pinotti, a secretaria informou que a unidade também atende diariamente mais que a capacidade - são 213 leitos para 450 atendimentos diários.

Delegacias em hospitais
Para agilizar a investigação de crimes violentos, a Polícia Civil do Pará instalou dentro de três hospitais municipais de Belém bases de delegacias que só registram boletins de ocorrência de assassinatos, tentativas de homicídio ou acidentes de trânsito com vítimas. As bases estão no Hospital de Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, no hospital do Guamá e no metropolitano de Belém. Os postos atuam em plantões de 24 horas.

Somente as partes interessadas (a família da vítima ou a polícia) podem registrar o crime. “Se a ambulância socorre um baleado na rua e traz para cá, assim que os familiares chegam, fazem o registro. Ou nós mesmos, os policiais, podemos já registrar o caso para começar a investigação, se acharmos necessário”, diz o investigador José Maria Aires.

Segundo dados do Ministério da Justiça divulgados no Mapa da Violência de 2011, o número de homicídios no Pará quadruplicou nos últimos 10 anos. O diretor de Inteligência e Análise Criminal da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, Antônio Cláudio Farias, diz que há um trabalho das polícias para reduzir os índices. De janeiro a setembro, segundo ele, o número de homicídios foi reduzido em 16% no estado, enquanto que o de latrocínios caiu 35%, em comparação com o mesmo período de 2010.

Plebiscito
Os eleitores do Pará irão à urnas em 11 de dezembro para responder a duas perguntas: “Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Carajás?” e “Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Tapajós?”.

Em um possível cenário de divisão do Pará, o futuro estado de Carajás será composto por 39 municípios, tendo Marabá como capital; o estado de Tapajós, 27 municípios, e Santarém como capital; e o novo Pará, 77 municípios, e Belém continuaria sendo a capital.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Plebiscito no Pará chega à TV; saiba os argumentos de cada lado (Postado por Lucas Pinheiro)

Começa nesta sexta-feira (11) a campanha no rádio e na TV das frentes contra e a favor a criação dos estados de Carajás e Tapajós. O plebiscito que vai definir se os paraenses querem ou não o desmembramento do estado será realizado no dia 11 de dezembro.

Os eleitores do Pará irão à urnas para responder a duas perguntas: “Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Carajás?” e “Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Tapajós?”.

Em um possível cenário de divisão do Pará, o futuro estado de Carajás será composto por 39 municípios, tendo Marabá como capital; o estado de Tapajós, 27 municípios, e Santarém como capital; e o novo Pará, 77 municípios, e Belém continuaria sendo a capital.

O G1 percorreu o Pará por dez dias para ouvir o que o povo pensa sobre a separação. Nos próximos dias, será publicada uma série de reportagens sobre o assunto.

Os paraenses ouvidos pelo G1 que defendem o “não” afirmam que todo o Pará sairá perdendo com a separação. Já os moradores de regiões distantes de Belém, como Marabá e Santarém, defendem que só um governo mais próximo poderá gerar mais emprego e melhorar a infraestrutura básica, diminuindo a pobreza e a violência.

Caso haja a separação, o novo Pará fica com 64% da população em apenas 17% da área do atual estado. Já Tapajós será o maior em extensão, com 59% da área territorial, e abrigará a futura Usina Hidrelétrica de Belo Monte, mas com uma população e um PIB menores. Carajás, com 24% do território, abriga cidades com alto fluxo migratório devido às riquezas minerais e aos movimentos rurais. Segundo dados do Ministério da Justiça, o avanço do crack e do oxi fazem com que o estado já nasça contendo as cidades mais violentas do país.

Na região metropolitana de Belém, o “não” à separação está estampado em faixas e cartazes. “Acho que o estado deve continuar unido para crescer. Se dividir, todo mundo vai perder, porque vão separar todas as riquezas do estado e só vai gerar mais cargos para os políticos”, acredita a professora Maria Teodora, de 59 anos.

No mercado público Ver-o-Peso, próximo ao porto, moradores da região discutem o tema. “É claro que quem mora em Belém sai perdendo. As riquezas ficariam todas com Carajás. Eu vou votar no não”, diz o vendedor Roberto Gomes Menezes.

Já o pescador Clementino da Silva Lisboa diz que deve estar pescando dourado no Amazonas no dia do plebiscito. "Sempre fico semanas longe da terra. Acho que não devo votar. Mas meus filhos vão", afirma.

No interior do estado, o “sim” parece prevalecer. As campanhas pró-Carajás e pró-Tapajós trabalham juntas  e defendem que só a separação fará com que haja desenvolvimento nas regiões onde a população reclama principalmente de problemas nas áreas de saúde, segurança e transportes.

Para vencer nas urnas, apesar do menor número de eleitores nessas regiões, os defensores da criação dos dois novos estados apostam no feriado de Nossa Senhora da Conceição, em 8 de dezembro. Acreditam que a população do novo Pará, principalmente de Belém, deve viajar no feriado e ficar longe do domicílio eleitoral.

Em Carajás, a dúvida é se a alta porcentagem de moradores procedentes de outros estados vota no Pará. Segundo o IBGE, quase um terço da população de Marabá não nasceu no estado. Na região, até mesmo os “estrangeiros”, a maioria procedente de Maranhão, Piauí, Goiás e Tocantins, defendem a separação. “É um absurdo o atraso em que vivemos, sem asfalto, sem esgoto, nessa violência. O dinheiro vai todo para a capital”, diz o cearense Jai de Sá Crato.

“Não tem como piorar separando. Se os impostos que arrecadarmos ficarem aqui na região, terá mais investimento. Só pode melhorar. Marabá não tem nada”, desabafa o comerciante Raimundo Nonato, que expunha em frente a sua mercearia a carne de um porco recém-abatido.

Em Santarém, a discussão gerou análises sobre os pontos positivos e negativos nas comunidades e a campanha pela criação de Tapajós está estampada em casas e é tema de conversas em barcos na orla. “Eu vou votar no sim.

A maioria do povo viaja de barco, mas para o dia do plebiscito nos programamos para ficar na comunidade”, diz ao G1 a dona de casa Mariluce Branco, enquanto embarca para uma viagem de barco de sete horas até a comunidade ribeirinha de Lago Grande.

Políticos
O economista Celio Costa, contratado pelas campanhas pró-separação para analisar a viabilidade de Tapajós e Carajás, diz que, caso haja a divisão, “os três estados terão sobrevivência financeira e os dois novos receberão recursos da União que hoje não têm acesso”.

Pelos cálculos de Costa, do total do orçamento do Pará em 2010 (aproximadamente R$ 10,54 bilhões), cerca de 88% foram gastos na área do novo Pará; 8%, em Carajás; e 4%, em Tapajós, que é o maior em área. Quando se analisam os investimentos (cerca de R$ 1,03 bi em 2010), 83,5% foram feitos no novo Pará, na região metropolitana de Belém; 11,5% (cerca de R$ 150 milhões), em Carajás; e 5% (R$ 69 milhões), em Tapajós, diz o economista com base no balanço do governo do Pará divulgado no Diário Oficial do estado.

Líder da frente pró-Carajás, o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) afirma que o desmembramento trará desenvolvimento. “Se separar, o progresso chegará nestas regiões. É um absurdo a situação de pobreza e falta de esgoto e asfalto nestas áreas. 40% da população do Pará vive abaixo da linha da pobreza e 20%, na miséria, com menos de R$ 70 por mês”, afirma.

Defensor da criação de Tapajós, o deputado estadual João Salame (PPS) diz que só com a separação “o governo ficará mais próximo do povo, entendendo os problemas e podendo aplicar melhor os recursos”. “Nossa arrecadação fica toda com o que é o novo Pará”, diz.

Para o deputado estadual Celso Sabino, que chegou a ingressar no STF contra a realização do plebiscito e está à frente da campanha do “não”, a hipótese de maior desenvolvimento caso haja a divisão não procede. “O erro começou com o desenho dos dois novos estados, que foi decidido em um grupo de políticos e não feito a partir de estudos antropológicos sobre o anseio da população. Os três estados acabarão mais pobres do que estamos hoje. Não é dividir, mas sim, endividar”, acredita.

Em Belém, as sedes dos comitês contra a separação funcionam dentro da Associação Comercial do Pará. “Achamos que o plebiscito só vai acirrar os ânimos, jogar a população contra si mesma e não trará progresso. Não existe nada que comprove que o novo Pará irá perder com a separação, mas o que estudamos é que todo o estado deixa de ganhar”, diz Sérgio Bitar, presidente da entidade.

Plebiscito
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a votação no dia 11 de dezembro será feita nas seções eleitorais das 8h às 17h e a apuração do resultado será iniciada após a conclusão do pleito, de acordo com os moldes das eleições tradicionais.