sexta-feira, 31 de maio de 2013

Índios continuam no canteiro Belo Monte, apesar do fim do prazo para desocupação

30/5/2013 13:49
Por Redação, com ABr - de

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) determinou a reintegração de posse de um dos três canteiros das obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) determinou a reintegração de posse de um dos três canteiros das obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte
Um grupo de 150 índios continua a ocupação de um dos três canteiros de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Segundo a assessoria do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), o clima no local é tenso. Policiais federais, militares e da Força Nacional monitoram a situação à distância, à espera de uma decisão judicial sobre o cumprimento da ordem de despejo.
De acordo com a assessoria do consórcio, além de terem se apossado de cinco ônibus e dezenas de rádios-comunicadores e bloquearem rotas de fuga em caso de emergências, os índios agora estão ameaçando atear fogo em dois caminhões-basculantes que encheram de papel e galhos. A equipe de controle e combate a incêndio foi reforçada e oito caminhões-pipa estão estrategicamente distribuídos. Cerca de 4 mil funcionários que vivem em alojamentos construídos no interior do canteiro Sítio Belo Monte se encontram no local – ocupado desde a madrugada desta segunda-feira (27).
O prazo de 24 horas para que os índios deixassem o local pacífica e voluntariamente, estipulado pela Justiça Federal na terça-feira (28), terminou ontem (29) à tarde. Horas antes, os índios ainda tentaram reverter a decisão da Subseção Judiciária de Altamira, mas o juiz federal Sérgio Wolney de Oliveira Guedes manteve a sentença inicial, autorizando a reintegração de posse.
O advogado dos índios, Adelar Cupsinski, decidiu então recorrer ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), pedindo que a reintegração de posse fosse suspensa até que uma audiência de conciliação fosse feita, com a presença de lideranças indígenas e de um representante do governo federal. Devido ao feriado, a reportagem não conseguiu confirmar com o plantonista do TRF se o recurso foi ou não julgado. A assessoria do consórcio diz ter recebido a informação de que sim, e que o pedido teria sido recusado. Cupsinski, que está no canteiro ocupado, não atendeu o telefone.
Em carta entregue aos índios ontem, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, reiterou a disposição do governo federal em dialogar. No texto, Carvalho se compromete a receber as lideranças indígenas no Palácio do Planalto, em Brasília, caso os índios deixem pacificamente o canteiro, na próxima terça-feira (4). Até ontem à noite, contudo, os índios recusavam a proposta, exigindo que a reunião fosse no canteiro, que ficaria ocupado até que um representante do governo federal, preferencialmente Carvalho, fosse ao local ouvir as reivindicações indígenas.
Segundo a coordenadora da representação do governo federal em Altamira, órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, Cleide Antonia de Souza, que entregou a carta de Carvalho aos índios, o governo propõe que a reunião aconteça na capital federal por avaliar ser muito mais fácil ouvir e negociar as reivindicações do grupo estando todos em Brasília, onde é possível consultar outros ministros e membros do governo. A delegação indígena viajaria com transporte e hospedagem custeados pelo governo.
Algumas lideranças indígenas, contudo, consideram que a proposta tem o único propósito de interromper a ocupação, e desmobilizar a manifestação. “Sabemos o poder de força da polícia, mas desta vez não vamos sair. Vamos encarar”, afirmou, ontem, Paygomuyatpu Munduruku, liderança da etnia.
Os índios pedem a suspensão de todos os empreendimentos hidrelétricos na Amazônia, até que o processo de consulta prévia aos povos tradicionais, previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), seja regulamentado. Segundo o governo, isso já está sendo feito, pelo grupo de trabalho interministerial instituído em janeiro de 2012 para avaliar e apresentar proposta de regulamentação dos mecanismos de consulta prévia. O grupo é coordenado pelo Ministério das Relações Exteriores e pela Secretaria-Geral da Presidência da República e conta com a participação de vários órgãos e entidades governamentais.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

PF informa que desocupação de Belo Monte não deve acontecer antes da próxima segunda-feira (3)

Dificultam a operação o feriado e o deslocamento de agentes para a Copa das Confederações
Da Agência Brasil
A Superintendência da PF (Polícia Federal) no Pará informou nesta quinta-feira (30) que, mesmo que os índios que ocupam um dos canteiros da Usina Hidrelétrica de Belo Monte não deixem o local voluntariamente, dificilmente vai organizar uma operação policial de desocupação, antes da próxima segunda-feira (3).
Segundo o assessor o assessor da PF em Belém, Fernando Sérgio Castro, dois fatores dificultam o planejamento da operação: o feriado e o fato de que cerca de 70 policiais federais estão sendo deslocados de várias delegacias paraenses para o Recife onde, a partir da próxima segunda, começam a se preparar para garantir a segurança durante a Copa das Confederações, evento esportivo que começa no próximo dia 15.
— Diante de uma situação dessa, logicamente, vamos ter que traçar planos. Esperamos que não seja necessário o uso da força, que os índios deixem o local como já fizeram em outras ocasiões e a situação se resolva pacificamente. Agora, é óbvio que, se for preciso, a PF vai usar os meios necessários para que a ordem judicial seja cumprida. Eu acredito que, a menos que a situação se agrave, isso não acontecerá antes de segunda-feira.
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Segundo o assessor de comunicação do Consórcio Construtor Belo Monte, Fernando Santana, responsável pela execução da obra, o clima no local é tenso, já que os índios, além de estarem ameaçando atear fogo em máquinas e instalações, se apoderaram de cinco ônibus e dezenas de rádios-comunicadores e bloquearem rotas de fuga em caso de emergências.
— Neste estágio, com o grau de tensão que está no local, compete à polícia e à Justiça resolver o caso. O consórcio faz o que está ao seu alcance para assegurar a segurança dos 4 mil trabalhadores presentes no canteiro.
O prazo concedido pela Justiça Federal para que os índios deixassem o local terminou na última quarta-feira (29) à tarde. Os índios ainda tentaram reverter a decisão judicial, mas o juiz federal Sérgio Wolney de Oliveira Guedes, da Subseção Judiciária de Altamira, manteve a sentença com prazo até as 17h30 de ontem.
Os índios exigem a suspensão de todos os empreendimentos hidrelétricos na Amazônia, até que o processo de consulta prévia aos povos tradicionais, previsto na Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), seja regulamentado.
Segundo o governo, isso já está sendo feito pelo grupo de trabalho interministerial instituído em janeiro de 2012 para avaliar e apresentar proposta de regulamentação dos mecanismos de consulta prévia.
O grupo é coordenado pelo Ministério das Relações Exteriores e pela Secretaria-Geral da Presidência da República e conta com a participação de vários órgãos e entidades governamentais.
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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Juiz nega recurso e índios têm que deixar canteiro de Belo Monte

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O juiz federal Sérgio Wolney de Oliveira Guedes, da Subseção Judiciária de Altamira (PA), manteve a determinação para que os índios deixem voluntariamente e pacificamente um dos três canteiros de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, até as 17h30 de hoje (29). Os índios ocupam o local desde a madrugada de segunda-feira (27).
O advogado que representa os índios, Adelar Cupsinski, informou que vai recorrer ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) para tentar reverter a decisão.
A sentença com o prazo de 24 horas foi anunciado pelo juiz ontem (28). Hoje (29), Cupsinski, pediu ao magistrado que reconsiderasse sua decisão e suspendesse a reintegração de posse até que uma audiência de conciliação entre representantes do governo federal e do movimento indígena ocorresse.
O juiz, no entanto, não atendeu ao pedido, mantendo a decisão de ontem e determinando que os índios presentes no canteiro, a 55 quilômetros de Altamira (PA), sejam intimados a se retirar.
Mais cedo, por telefone, a Agência Brasil conversou com Paygomuyatpu Munduruku, liderança da etnia Munduruku, que disse que os índios pretendem resistir caso o magistrado não acatasse o pedido.
“Por enquanto está tudo sob controle. Estamos aguardando, vendo a movimentação dos policiais. Sabemos o poder de força da polícia, mas desta vez não vamos sair. Vamos encarar”, declarou Paygomuyatpu, afirmando que há cerca de 150 índios de várias etnias, entre elas araras e kaiapós, presentes no local.
Coordenadora da representação do governo federal em Altamira, órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, Cleide Antonia de Souza levou aos índios uma carta enviada pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. No texto, o ministro reitera a disposição do governo federal em dialogar com os povos indígenas, em particular com os mundurukus. Carvalho propõe que uma delegação de representantes indígenas viajem a Brasília, com transporte e hospedagem custeados pelo governo, a fim de se reunir com ele no Palácio do Planalto. O ministro sugere inclusive a data para o encontro - 4 de junho, às 14 horas - mas condiciona o encontro à desocupação pacífica do canteiro.
Segundo Cleide, embora, inicialmente, os índios tenham aparentemente recebido bem a proposta, apresentada informalmente ontem, ao receber a cópia da carta hoje, eles recusaram a oferta.
“Infelizmente, os índios não querem negociar. O governo tem feito todos os esforços para negociar, mas o grupo está irredutível. Nossa expectativa, agora, é que os índios repensem e aceitem a proposta, que é uma tentativa de conciliação por parte do governo federal”, declarou à Agência Brasil.
“Ninguém quer o uso da força. Até porque há muitas crianças e mulheres junto com o grupo. Eles reivindicam que o ministro Gilberto Carvalho vá até o local, negociar, mas o entendimento do ministro é que é muito mais fácil ouvir e negociar as reivindicações do grupo estando todos em Brasília, onde é possível consultar outros ministros e membros do governo”, acrescentou Cleide.

Edição: Carolina Pimentel// Texto atualizado às 17h38
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sexta-feira, 10 de maio de 2013

 

STF abre ação penal contra deputado do Pará

Wladimir Costa (PMDB-PA) virou réu no Supremo pelos crimes de calúnia e difamação. Ele é acusado de ter atribuído falsamente crimes contra o então prefeito de Nova Timboteua (PA)
Nelson Jr./SCO/STF
Para Fux, declarações do deputado não estão cobertas pela imunidade parlamentar
O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu nesta quinta-feira (9) ação penal contra o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) pelos crimes de calúnia e difamação. Ele é acusado de ter atribuído falsamente os crimes de ameaça de morte e uso de drogas ao prefeito de Nova Timboteua (PA), Antônio Nazaré Elias Correa. Com a decisão unânime, o peemedebista passa de investigado a réu na mais alta corte do país.
O relator do inquérito, Luiz Fux, entendeu que a imunidade parlamentar não cabia no caso. As declarações de Costa foram dadas em entrevista numa emissora de rádio do Pará em janeiro de 2010. De acordo com o STF, ele disse que o então prefeito era alcoólatra, viciado em drogas, que teria sido eleito mediante falcatruas e seria praticante de atos de corrupção.
“A imunidade não se aplica à entrevista jornalística prestada à rádio”, disse Fux, segundo o STF. De acordo com ele, a imunidade se aplica quando afirmações são feitas no calor do debate e no exercício da função parlamentar. Para a defesa do peemedebista, as declarações supostamente ofensivas foram exercício de sua liberdade de expressão, crítica política e proteção à honra de políticos.
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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Grupo de indígenas deixa ocupação de Belo Monte

Quarta-Feira, 08/05/2013, 15:11:40 - Atualizado em 08/05/2013, 15:57:50
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A Norte Energia, empresa responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte,
 enviou uma nota oficial informando sobre a saída, na noite desta terça-feira (7), de 35 indígenas que ocupavam um dos canteiros de obras, em Vitória do Xingu. A manifestação dos índios, que tenta impendir a continuação das obras na usina iniciou no dia 2 de maio.
Os indígenas das etnias Jurunas e Araras da Volta Grande do Xingu participaram de uma reunião com membros da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Norte Energia, e apresentaram suas pautas de reivindicações. A empresa afirma que os pedidos dos manifestantes já estavam incluídos nos compromissos assumidos por ela e pela Funai, e que por isso os manifestantes deixaram o local.
A Norte afirma ainda que as reivindicações apresentadas pelos Munduruku “estão fora do âmbito das competências da empresa e reafirma que mantém contato com os órgãos governamentais envolvidos nos assuntos da pauta”.
Apesar da saíde de parte dos indígenas, outros índios continuam no canteiro de obras em Vitória do Xingu. As obras permancem paralisadas.
(DOL)